Em
muitos dos projetos ou clientes pelos quais passei, sempre ouvi dos times,
sejam internos ou externos, a opinião de que a metodologia, em um sentido de “burocracia”, sempre atrapalhava a
agilidade da entrega de um projeto, ou fazia com que fosse perdido muito tempo
gerando documentações que não tinham valor.
Em
parte, receio ter que concordar com essa afirmativa. Muitos processos, hoje
estabelecidos nas Empresas, perderam
há muito tempo a sua real finalidade.
Isso me
faz lembrar uma história que meu pai me contou sobre o tempo em que ele
frequentou o CPOR*, o que relato aqui de forma extremamente simplificada:
Um
cadete foi colocado para fazer a guarda de um banco branco, já conhecido na
instituição como o “Banco branco do
tenente”. Quando questionou ao sargento o motivo de ter que ficar de guarda
daquele móvel, teve a resposta a seguinte resposta:
“Ordens do Tenente. Um dos cadetes da
turma precisa passar um dia fazendo a guarda ao banco. Isso sempre foi assim”.
Inconformado
com a resposta, após buscar informações em diversos outros suboficiais e
oficiais, ele conseguiu localizar o referido tenente, que há vários anos, havia
dado a ordem para ao primeiro cadete para que ficasse de guarda.
Surpreso
com o fato que lhe fora relatado, o antigo oficial informou: “Naquela época,
havíamos acabado de pintar o banco e solicitei a um cadete para ficar de guarda
para evitar que alguém se sentasse enquanto a tinta não secava”.
Não sei
se a história é uma piada, ou se de fato, teria acontecido. Entretanto, não é incomum encontrarmos no mundo corporativo muitos
processos que não passam de atividades ultrapassadas que algum dia já fizeram
sentido. Essas situações criam a visão de que métodos e
processos não passam de burocracia.
Processos normalmente são construídos para garantir
que façamos as coisas de forma rápida e eficiente,
baseando-nos nas experiências daqueles que vieram antes de nós.
É parte
do princípio de aprendermos com os erros dos outros.
Por isso, geralmente, é muito importante termos
processos simples e claros para garantirmos que as coisas sejam feitas de forma
rápida, eficiente, e correta já na primeira tentativa.
Entretanto,
como os negócios são vivos e, como tal, rapidamente mutáveis, precisamos
garantir que nossas metodologias também o sejam, e que possam ser adaptadas
para garantir que o objetivo a que elas
se propõem ainda façam sentido, em cada momento da vida de nossa
organização, caso contrário, estaremos apenas mantendo guarda ao “Banco Branco
do Tenente”.
(*) Centro
Preparatório de Oficiais da Reserva, hoje renomeado NPOR (Núcleo Preparatório
de Oficiais da Reserva) - 19 BC
Patrick Amorim
( via watsapp )