O
cenário econômico positivo no Brasil que provocou o aumento do consumo interno
e gerou novos negócios. Os desafios logísticos, pelo contrário, continuam a
exigir do empresariado brasileiro soluções paliativas para não comprometer a
saúde financeira de suas companhias.
As deficiências da infraestrutura logística brasileira permeiam todos os setores de transporte. Rodovias, portos e aeroportos sofrem com a falta de investimento, afetando a demanda e elevando os gastos. De acordo com o Banco Mundial, o custo da logística no Brasil equivale a 20% do PIB, o dobro dos países ricos.
As deficiências da infraestrutura logística brasileira permeiam todos os setores de transporte. Rodovias, portos e aeroportos sofrem com a falta de investimento, afetando a demanda e elevando os gastos. De acordo com o Banco Mundial, o custo da logística no Brasil equivale a 20% do PIB, o dobro dos países ricos.
Além disso, a lei 12.619, de
normatização da função de motorista, sancionada pela presidente Dilma Rousseff
em 30 de abril de 2012 e já em vigor, certamente trará aumento nos custos das
operações. De acordo com a norma, cada viagem terá um valor adicional gerado
pelas acomodações e alimentação do trabalhador. O impacto da legislação nos
custos do transporte deverá ser de até 26%. Para setores específicos, o
percentual pode chegar a 40%. Estes custos serão sendo repassados para os
clientes no valor do frete, criando um efeito dominó que afetará toda a cadeia
e, consequentemente, o consumidor final. Segundo dados do Sindicato das
Empresas de Transporte de Cargas e Logística (Setcergs), os reajustes podem
ficar entre 10% e 20% para o frete convencional.
O
setor de transporte rodoviário, responsável por 76% da mercadoria que transita
no País, atinge praticamente todos os pontos do território nacional, mas, por
outro lado, é o que apresenta preços de frete mais elevados. Embora ofereça
baixos custos fixos, os variáveis são mais altos, podendo ter alteração de
acordo com questões que estão na esfera pública. Alguns dos exemplos são os
valores do combustível e da manutenção das vias.
A
qualidade e o custo de um produto são características decisivas para as
escolhas de compra dos clientes. Mas a equação não para por aí: inovação,
sustentabilidade, relação de parceria e, claro, a logística são fatores que têm
cada vez mais influência nas relações comerciais.
Sem
logística adequada não se garante que os produtos cheguem aos clientes com
qualidade e no tempo certo.
O maior de todos relacionados à
logística no Brasil é, sem dúvida, a infraestrutura. Ainda há um longo caminho
a ser percorrido para que se tenha maior disponibilidade e eficiência na
circulação de mercadorias por meio dos modais rodoviário, ferroviário,
dutoviário, fluvial e marítimo.
As ferrovias, a cabotagem e as
hidrovias fluviais são importantes no sistema logístico de um país de
proporções continentais como o Brasil, e, por isso, esses modais precisam ser
rapidamente desenvolvidos, mediante a ampliação e melhoria de rotas e canais
expressos. Nossa malha ferroviária, por exemplo, atende, hoje, apenas cerca de
30 mil km e está concentrada em poucos estados (São Paulo, Minas Gerais, Rio de
Janeiro e Rio Grande do Sul). Nos Estados Unidos, para efeito de comparação, a
malha ferroviária ultrapassa 200 mil/km, e o transporte ferroviário é o mais
utilizado.
Resultado das limitações de
infraestrutura no Brasil, ainda é grande a dependência do modal rodoviário, que
representa mais da metade (65%) das operações logísticas, ao passo que, nos
Estados Unidos, por exemplo, esse modal representa apenas 25% das operações.
Quando falamos em hidrovias, o
cenário também é complexo. O principal gargalo é a falta de investimento em
infraestrutura portuária nos rios, a exemplo do polo da Zona Franca de Manaus.
Já os portos para exportação e cabotagem, como Santos (SP), Rio de Janeiro, Rio
Grande (RS) e Aratu (BA), têm como limitação a infraestrutura de acesso, áreas
retroportuárias e capacidade dos terminais portuários
Nesse cenário, diversas medidas
são necessárias para o fortalecimento da cadeia logística como um todo. Temos
que assumir uma postura proativa. O Brasil precisa investir em infraestrutura
em todos os modais. A equação dos portos, a acessibilidade intermodal (os
produtos chegam aos portos por meio de rodovias e/ou ferrovias), a ampliação e
modernização das ferrovias, a qualidade e as condições das estradas são pontos
fundamentais.
As perspectivas para o cenário
logístico brasileiro são positivas a médio e longo prazos. Mas a postura do
setor empresarial deve ser, sobretudo, proativa e, por que não, criativa. Temos
que participar de discussões, influenciar na direção correta e contribuir para
abrir cada vez mais caminhos que favoreçam o desenvolvimento.
A movimentação das riquezas
produzidas em um país continental exige infraestrutura, tecnologia,
qualificação profissional e muito investimento. Necessitamos de uma
infraestrutura logística, no mínimo, adequada às dimensões da nossa
nação.
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