Quando menino, era
muito comum ir à mercearia para comprar mantimentos. Quase tudo era a granel.
Podia-se comprar meio pão, meio litro de óleo, 100g de margarina, meio quilo de
arroz… Por essa razão, é possível deduzir duas coisas: primeiro que os garotos do
bairro conheciam esse caminho “de cor e salteado”; segundo que era uma logística não menos fascinante pelo seu sistema de distribuição e modelo de consumo fracionado. Com pouquíssimos supermercados, as mercearias dominavam o comércio.
Ouvindo
uma conversa entre adultos, alguém perguntava ao dono da mercearia como ele
conseguia trabalhar com tantos itens e não deixar que nada faltasse em seu
comércio. Ele respondeu que tinha sempre uma atenção maior com os itens mais
vendidos – os fracionados – e que não tinha dificuldade alguma com isso.
- Sua dificuldade mesmo era com o maior inimigo do seu estoque: os ratos.
Com uma voracidade insistente que destrói mesmo o que não comem,
os ratos continuam apavorando os estoques dos grandes estabelecimentos. Quem já
viu um armazém de um supermercado sabe disso. Porém, após a Globalização, os
inimigos se diversificaram.
- " O roedor ganhou a companhia de vários agentes prejudiciais que também “destroem” uma organização com ações erradas ou pela omissão. "
Se lhe perguntássemos qual o maior inimigo de um estoque, com
certeza, você teria várias respostas. Contudo, a maioria das empresas não dá ao
seu estoque a devida atenção. São muitos os possíveis inimigos e, ignorar um
deles, pode trazer sérias consequências.
Atenção triplicada ainda para o shelf
life (vida de
prateleira; prazo de validade) que possui métodos, sistemas e características
próprias.
Já ouvimos muitos especialistas falarem acerca de gestões de
estoques e da importância da sistematização e automação. Tudo isso é muito
importante, mas se não extinguir “os ratos” do estoque, não haverá êxito em
processos maiores.
Alguns
classificam o estoque como o “coração” da empresa. Acho que é exagero. Eu
classificaria como um “poço” que não pode ser muito fundo, nem muito raso; onde
tudo precisa estar bem organizado, bem seguro e com rotatividade para que não
seja enterrado ou seja sem fundo. Se ruir, levará junto boa parte do terreno.
A rotina e a responsabilidade devem ser as mesmas para todos SKU’s
(Stock Keeping Unit – designa os diferentes itens
codificados do estoque). É necessário conduzir bem o trabalho com a Curva ABC.
A razão de um estoque é PROVER e ele deve ser visto como “um todo”, mesmo que
se saibam quais os SKU’s possuem maior representatividade quanto ao valor ou ao
ponto de ressuprimento. Não confundamos a ordem de valores com a ordem de
necessidades.
Nessa
relação de inimigos do estoque, além de uma gestão despreparada, podemos incluir, em especial, a
equipe operacional. Se for uma equipe coesa, responsável e ciente de sua
importância para o processo, dificilmente “os ratos” vão prejudicar o estoque.
O maior problema a ser evitado é a parada da produção. Contudo, uma má gestão e
uma equipe fraca acabam trabalhando para isso.
Podemos classificar os possíveis problemas de um estoque em cinco
partes:
- Individual: não há fluidez com um membro na equipe sem aptidão e sem um bom
senso de organização. As pessoas do estoque devem ser muito bem escolhidas e
treinadas.
- Setorial: estoques mínimos ou de segurança e pontos de ressuprimentos mal
definidos; acesso irrestrito; sem sinalização; sem organização, limpeza e
endereçamento; saídas sem requisições e falta de atenção com o recebimento,
lançamento de notas fiscais e, no caso de produtos acabados, com os embarques.
O conhecimento acerca dos itens é fundamental.
- Intersetorial: o Financeiro aguarda sempre reduções; o Compras só quer o
necessário; a Contabilidade acurácia; a Produção garantias; a Manutenção o
aumento do estoque mínimo; a Expedição, o Faturamento e o Comercial a
agilidade… O Estoque deve ser sempre assertivo.
- Fornecimentos: fornecedores sem compromissos com prazos e quantidades;
exclusividade; consignações e concessões sempre trazem riscos. Material
conferido, estocado e lançado é a receita básica para a programação.
- Macrologística: os problemas com a infraestrutura de estradas, ferrovias,
aquavias e portos brasileiros fazem com que tenhamos um estoque maior e mais
caro. Com uma média de até três dias a mais no transporte,
a logística inbound(entrada) mantém um estoque de 10% além do que seria
necessário; a logística outbound (saída) perde, pelo menos, mais 10% do
poder financeiro na forma de estoques de acabados e na faixa de prazos
concedidos. Além disso, se o produto não estiver bem protegido e bem
acondicionado, não suportará os solavancos nas estradas e os danos nas
operações com os equipamentos inadequados.
Têm “ratos” no seu estoque? Eles só estão lá porque são
“alimentados”.
fonte:http://www.logisticadescomplicada.com/o-maior-inimigo-estoque/; Por Marcos Aurélio da Costa
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