cada etapa do processo de movimentação de mercadorias
Os últimos anos têm sido de expansão acelerada dos negócios no mercado brasileiro de serviços logísticos. O início da escalada coincidiu com o fim da inflação alta no país - ocorrido há pouco mais de 15 anos -, quando só então as empresas em geral passaram a dar a devida importância à logística. Os dados do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos) indicam que as empresas brasileiras gastaram R$ 334 bilhões com logística - ou 11,6% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro -, frente a US$ 1,3 trilhão dos Estados Unidos (8,7% do PIB americano). "Em termos de receita, as 165 operadoras logísticas em atuação no país obtiveram R$ 39 bilhões em 2008", relata o professor Paulo Fleury, presidente do Ilos. Para ilustrar a robustez dessa ascensão basta citar que em 1997 a receita não passava de R$ 1 bilhão e as operadoras eram apenas 35.
Pelos números de outra pesquisa, desta vez com 120 operadoras, divulgada no portal Tecnologística em março, a soma das receitas brutas anuais desse universo foi de R$ 30,67 bilhões. Mas, na visão de Altamiro Borges, vice-presidente da Associação Brasileira de Logística (Aslog), pode-se considerar que esse número representa apenas urna terça parte da realidade logística brasileira, levando-se em conta os segmentos que não responderam ao levantamento, entre eles os transportadores, que são também operadores logísticos em sua essência. "Teríamos assim urna receita bruta anual estimada em R$ 100 bilhões", afirma.
E a perspectiva de crescimento é ainda maior daqui para frente. "Nos próximos cinco anos, o mercado para as operadoras logísticas irá se expandir a taxas superiores a 10% ao ano, ou seja, acima do crescimento do país", diz Borges. No âmbito das empresas que utilizam os serviços, os gastos com logística representam 8,3% da receita líquida. "Entretanto, as despesas têm crescido com a inflação, uma vez que a atividade é uma das primeiras a sentir os reflexos do aumento dos combustíveis e da mão de obra especializada", ressalva. "O nosso receio é que nos próximos cinco anos esse boom leve à falta de caminhões, motoristas e centros de distribuição", avalia.
Pelos dados da Aslog, o percentual dos custos logísticos em relação à receita, por setor empresarial, é o seguinte: agronegócio, 13%; bebidas, 13%; automotores, 12%; mineração, 10%; alimentos, 9%; tecnologia, 8%; químico e petroquímico, 7%; farmacêutico, higiene e cosméticos, 5%; varejo e atacado, 3%.
Segundo Reinaldo Moura, fundador e diretor da Imam Consultoria, a ebulição do mercado está levando a uma série de fusões entre operadoras. Para ele, o setor vai continuar nesse processo de consolidação e a propensão é que as empresas se tornem cada vez maiores. "A concorrência é muito grande e, em termos de logística, a empresa tem que ganhar escala para realizar melhores negócios", constata.
A trajetória da Vale, que tenderá a ser cada vez mais reconhecida como uma empresa de logística do que simplesmente uma companhia de minérios, serve para ilustrar essa tendência de consolidação. A expectativa é que a percentagem da receita proveniente de serviços de logística continue crescendo e que novas empresas do setor logístico venham a ser incorporadas ao grupo, através de fusões ou aquisições, principalmente no modal rodoviário. A empresa também poderá formar alianças operacionais estratégicas com os grandes players do mercado mundial de logística, visando criar uma rede de alcance global, permitindo a expansão da empresa para os mercados externos.
Igualmente sintonizada com as novas tendências, a Empresa de Correios e Telégrafos - ou simplesmente Correios -, que tem o monopólio dos serviços postais no país, está passando por um processo de revisão dos estatutos visando internacionalizar-se e ampliar suas funções no campo da logística, explorando serviços de logística integrada e serviços postais eletrônicos. Segundo seu novo presidente, Wagner Pinheiro, com essa modernização a companhia planeja abrir mais agências no exterior - não só nos países do Mercosul, mas também nos Estados Unidos e Japão - e participar de empresas de transporte aéreo, rodoviário e até ferroviário de cargas.
"Queremos fortalecer os Correios como empresa pública e cumprir nosso papel logístico de uma maneira muito mais abrangente", afirma, descartando qualquer possibilidade de privatização da companhia.
Veja matéria completa no site abaixo:
Fonte:
http://www.valec.gov.br/clipping/20110520-1.htm
POR JUAN GARRIDO