Nos princípios de Uberabinha, o fornecimento de mercadorias para o varejo da região era feito por empresas de Uberaba. Posteriormente, o avanço da Mogiana até Araguari (1896) mudou irreversivelmente a posição, primeiro, para Araguari, depois para Uberlândia. Nossa posição privilegiada foi reforçada pela construção da ponte Afonso Pena (1909), que facilitou a passagem das mercadorias pelo rio Paranaíba. Em 1912, as construções rodoviárias do Fernando Vilela consolidaram ainda que lentamente a hegemonia uberlandense.
Nessa época de carros de bois e vendas em contas- correntes que se acertavam de ano em ano, destacaram-se, em Uberabinha, Marcos de Freitas Costa, Carmo Giffoni, Arlindo Teixeira. Grande pioneiro foi Antônio Rezende Costa que montou armazém na praça dr. Duarte. Foi ele quem instalou a primeira máquina elétrica de beneficiar arroz na cidade. Teve filial no Rio de Janeiro, fez exportação de borracha para a Europa e chegou a instalar, aqui, uma fábrica de cerveja.
O impulso que a cidade recebeu com as estradas do Fernando Vilela, que davam uma nova dimensão econômica à estrada de ferro e à ponte Afonso Pena, permitiu o estabelecimento de uma nova geração de atacadistas como Antônio Maria Pereira de Rezende, criador da conhecida Rezende & Cia, em 1923, José Andraus Gassani, Joaquim Marques Povoa, Tubal Vilela, Custódio Pereira e outros.
Apesar desse embalo, as estradas que se construíram no oeste de São Paulo e sul de Mato Grosso carrearam para Três Lagoas, às margens do rio Paraná, as vendas e consignações para o centro de Mato Grosso. A partir de meados da década de 1930, os motoristas uberlandenses, capitaneados pelo Nego Amâncio, conseguiram levantar pedidos em Lageado e nas redondezas atingindo posteriormente Poxoréu e Taquaril. Retomaram esse comércio para Uberlândia. No início dessa aventura pelos trilheiros que se faziam estradas sob as rodas dos caminhões, o atacado era representado por Teixeira Costa, Rezende & Cia, Joaquim Fonseca, Casa Galiano, Custódio da Costa Pereira e outros menores.
Esse avanço até Mato Grosso que, ao mesmo tempo, representou uma afirmação e alargamento do comércio com o sudoeste goiano, permitiu que, nos fins da década de 1940, se fosse organizando um contexto atacadista mais agressivo e mais técnico. Surgiram as “casas” como a Capparelli, Viúva João Calixto, Colombo Vilela, M. Serralha, Irmãos Mendes, Oscar Moreira. Por iniciativa de Francisco Capparelli, é mudado o sistema de pagamento. De registros anuais em contas-correntes, o pagamento passa a ser feito no retorno dos motoristas.
Geraldo Migliorini une-se a Boulanger Fonseca e inicia o atacado de medicamentos. Os depósitos de medicamentos alcançam grande concentração na década de 1950 superando a casa dos 30 estabelecimentos. Problemas tributários no início da década seguinte afastaram todos para Goiânia. Em 1949, instalam-se os primeiros depósitos de derivados de petróleo.
Na década de 1950, os viajantes começam a substituir os motoristas e isso também substitui o sistema de pagamento na volta pelos faturamentos com prazo certo. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento das empresas permite a criação das frotas próprias o que, além de enfraquecer as organizações classistas dos motoristas, estabelece um sistema mais eficaz de atendimento à clientela: a pronta-entrega. Esse novo sistema viria criar maior confiança nas indústrias paulistas que afastariam definitivamente seus viajantes da área, que ficou livre para os nossos atacadistas.
Na segunda metade da década de 1950, a construção de Brasília arrastou o nosso atacado para aquela área e, por extensão, para o norte goiano. A primeira empresa a enfrentar a solidão daquela zona foi M. Serralha. O Capparelli chegou ao Maranhão.
Em 1953, Alair Martins fundou a Borges & Martins destinada a ser dos maiores atacados da cidade. Em 1958, intalou-se a filial de Tecidos Tita. Em 1960, José Alves montou a Casas Alô Brasil. Osório Peixoto lançou as bases do futuro Armazém Peixoto, em 1961.
Fonte: http://www.correiodeuberlandia.com.br/?tp=coluna&post=14626&uid=55
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